13.5.05

NO TELEFONE

"- Oi, Edu?
- Elisa?
- É. Reconheceu pelo número?
- Não. Pelo "Edu".
(humor levemente amargo)
- Ah. Resolvi ligar. Eu não devolvi aquele recado que você me deixou.
- Pois é. Pensei que você não quisesse mais falar comigo.
- Eu? Não. Eu...Ihhh...
(medo de confessar)
-...andei ocupada.
(detalhamento desnecessário numa conversa de celular)
- Hum. Eu também ando ocupado. Bastante até.
(demonstração de vaidade e rancor)
- Poxa, então...
(quanto à polidez dos ex-amantes...)
-...liguei pra te fazer um convite.
(silêncio para arritimia cardíaca)
- Queria receber você para um fim de tarde, aqui em casa.
(onde o que é proibido torna-se banal)
- Sei...Acho uma delícia.
(real alegria)
- É? Amanhã então?
(misto de euforia e desamparo)
- Amanhã?
(surpresa que possibilita uma leitura enganada)
- Por quê?
(leitura enganda)
- Você não pode?
(rapidez)
- Posso, posso, tá combinado.
(no entregar-se, o querer nada)
- Ótimo. Eu quero te propor uma coisa.
(o querer)
- Eu vou adorar saber o quê.
(a verdade)."

Do livro Aritimética, de Fernanda Young. Da nossa vida. Afinal, quem nunca foi Elisa ou Eduardo?

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